AlmArdente

De tudo se fala do que possa habitar uma qualquer alma humana. Os amores e desamores, as artes e os vícios, os prazeres e as dores. Intensas banalidades, para miúdos e graúdos.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Do prazer da degustação

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Comer.
Um dos grandes, grandes prazeres desta vida, que nós portugueses tão bem sabemos apreciar.
Nas andanças por outras paragens, longe da nossa Lusitânea, constatei que praticamente todos os povos têm um gosto especial pela gastronomia, exceptuando (de forma geral) os anglo-saxónicos. Não sei a que se deve aquele tão grande desapego aos cozinhados, aos tachos e panelas e tudo o que faz uma boa comezaina, mas é um facto que em Inglaterra (pelo menos), não se sabe cozinhar e nem se sabe o que é apreciar uma boa refeição. Lá, qualquer derivado de galinha frita num quiosque no meio da rua, é considerada um bom prato. Que ignorantes...
Mas por cá a conversa é outra. Gostamos de comer. Comer bem, nada de comida rápida e de gosto artificial. Por cá gostamos dos borregos, dos cabritos, das vitelas e dos porcos. Das galinhas e perdizes, de coelhos javalis e lebres. Todo o peixe e bacalhau, não faltando as enguias. E depois temos as ervas: rosmaninho e tomilho, oregãos, salsa, poejos e hortelã. As sopas de tudo. O pão, os queijos e os enchidos. O vinho, o mel, as frutas e os doces.
Enfim, nem me atrevo a entrar em descrições, ou acabava por fazer aqui mais um tratado da gastronomia portuguesa em oito volumes de duzentas páginas.

Mas tem interesse dizer o seguinte:
É frequente nós, portugueses, fazermos passeios domingueiros com o único propósito de ir a tal sítio porque lá se come isto ou aquilo que tem muito boa fama. Está-nos no sangue.
Fazemos centenas de quilómetros para ir apreciar um assado, um ensopado, umas migas, algo de diferente e que nos aguce a gulosice. E assim vamos conhecendo o país e coleccionando moradas de restaurantes, tabernas e tasquinhas onde se come que é um deleite.

Na semana passada fui ao Albertino, na aldeia do Folgosinho, Serra da Estrela.
Refeição de prato único: Entrada com queijo da serra e morcela assada; Pão e azeitonas; Cabidela de coelho; Feijoada de javali; Cabrito assado; Leitão; Vitela estufada. Doces típicos. Muitos jarros de vinho e café e a conta, se faz favor.
No final, depois do abafadinho (nunca se nega um abafadinho), saí de lá a rebolar.
Entrei no restaurante às 14h e saí às 17h. O resto da tarde foi passado entre suspiros e arrotos (imagem nada romântica), fazendo os possívei para não vomitar. Foi a gula pura e dura.

A repetir daqui a uns meses.