AlmArdente

De tudo se fala do que possa habitar uma qualquer alma humana. Os amores e desamores, as artes e os vícios, os prazeres e as dores. Intensas banalidades, para miúdos e graúdos.

sábado, novembro 01, 2008

Beneath the stains of time
The feeling disappears
You are someone else
I am still right here

Jonhy Cash - Hurt

terça-feira, outubro 14, 2008

Havia o mundo antes do Garcia Marquez.
E há o mundo depois do Garcia Marquez.

Duma assentada, devorei o "Cem Anos de Solidão" e " O Amor nos Tempos de Cólera". Vivi cada palavra, cada frase, cada cadeia de pensamentos e sentimentos de tal modo bem descritos e belos, que é como se a vida fosse uma imitação daquelas histórias.
Aquele é o meu mundo!
Vieram parar-me às mãos por quem melhor me conhece, pois claro, como se me dissesse: "Isto és tu, lê-te".
A partir de então e tantos capítulos depois, sou um Florentino Ariza na minha própria campanha.
Pobre e admirável Florentino Ariza, que ousou ser feliz, e o foi!

Trouxeste-me paz e sossego, e ganas de excitação.

Vou do oito ao oitenta e sei que gostas assim.

Dás-me conforto e liberdade, dás-me sorrisos, dás-me ternura. Dás-me tudo o que me alimenta o ego e muito mais do que uma alma precisa.

O tudo e o nada e todos os espaços entre-meio.

Contigo sou EU, contigo sou forte!

Vivo intensamente cada momento a teu lado, seja em loucuras insanas, seja em tristezas profundas. É o mergulho em nós, o acreditar sempre e sempre.

E amar é isto, muito mais do que isto e às vezes menos que isto.

E se dúvidas houvésse, não estaria já aqui. Mas estou, para ti.

Como estás, para mim.


terça-feira, agosto 26, 2008

...de tal modo, que a carga é usualmente suportada por um complexo sistema estrutural envolvendo elementos verticais e horizontais, ligados entre si de forma a garantir equilíbrio estático, ao mesmo tempo que se garante a segurança à rotura de qualquer dos elementos.
Esses elementos, diferentes (ou não) na sua constituição, permitem uma tal distribuição de cargas sobre todos eles, que nenhum deles romperá; os mais resistentes suportarão maiores valores. Os menos resistentes suportarão valores menores. O que importa, no entanto, é a homogeneização estrutural do todo, que é muito mais que a simples soma das partes.
Se a viga beija o pilar, transmitindo-lhe todo o peso por si suportado, e se este tem a capacidade de por si resistir sem deformar, resta esperar que as fundações cumpram o seu dever de aguentar sem romper. E isso é toda a magia das coisas, transmissão de forças descarregadas de elementos para elementos, até às fundações. Tudo funciona quando o todo resiste. Se uma das partes cede, o edifício cai em cacos, porque incapaz de resistir à Lei da Gravidade, o que é grave.

domingo, agosto 24, 2008

E lutar para ser mais e melhor, para ser correcto e justo, lutar para merecer e ser tido em conta, para ser desejado e respeitado, lutar por uma vida ardentemente desejada, e um dia perder o chão debaixo dos pés e caír no abismo? É isso de se tomar a frio e sem revolta?
Numa alma ardente, toda a emoção vem ao de cima.
E grita-se, se for preciso! Brada-se ao mundo o que vai cá dentro!
Antes isso que ser frio e infeliz, na penúmbra de sentimentos amordaçados.
Antes isso, nem que queime cá dentro.
E queima...

quarta-feira, julho 09, 2008

Fazia anos que não entrava numa biblioteca assim: um edifício antigo (esta já foi igreja), muita madeira, estantes e mobiliário a fazer lembrar sobras dum convento, corredores apertadinhos onde pilhas de livros se amontoam sem grande percepção da organização... E aquele cheiro a papel velho, o silêncio e a frescura do espaço numa tarde de calor. Jornais misturados com panfletos misturados com jogos infantis. Tantas lombadas apetecíveis, tantas capas tentadoras, tanta coisa em tão pouco espaço! Gosto mesmo destes cantinhos!
Fiz o meu cartão de leitor e já lhe estou a dar uso. A internet pode ser um mundo, mas as bibliotecas são mundos muito mais mágicos.

quarta-feira, julho 02, 2008

Altos e baixos e variações sincopadas. Luz e sombra, seja o que for ao som de todos os sons que por nós passam enquanto fragmentos de vida se cruzam e unem, ora com cuspo ora com cola.
A vida é um mundo e tudo está em constante movimento para quem tem bichinhos.
Eu tenho bichinhos. São aquelas comichões, centelhas de movimento irrequieto que pulam mais que pulgas doidas. Tenho bichinhos que me puxam, que me fazem saltar e variar e ter desejos súbitos de paixões irracionais só porque sim, porque cá dentro tocam sinos por tudo quanto é belo e estranho, diferente do banal. E fico assim em carne viva com tanta coçadura por tanta coisa que não posso ter ou ser, voando de desejo em desejo, fazendo de todos manias fugazes sem importância.
São as variáveis da vida.
Depois há as constantes: uma família, um local, algo e alguém que nos prendem os pés à terra e nos trazem a razão das coisas. O conforto e a felicidade.
Tenho paixões assolapadas e incandescentes por milhares de coisas por segundo, sem que perceba o motivo da maioria delas nem sequer as vantagens em lhes sucumbir. São as variáveis que me fazem sonhar e correr e viver, imaginar outras realidades complementares a esta.
E depois tenho-te a ti. A minha constante real e finita, o meu retiro num espaço sem tempo porque o tempo é-o desde o início - bem o sabes. Tenho-te como a realidade desejada onde tudo torna depois de me ter perdido em sabe-se lá o quê!, o fio de retorno que posso seguir às escuras em qualquer estado de espírito, mesmo nas circunstâncias mais espessas e pretas, porque me guias sem enganos nem sobressaltos. Com amor e respeito, como se fora tu.
És a minha constante e assim continuará tudo pelos tempos fora, pois que após tanta variável que me fez correr meio mundo atrás de quimeras, tudo a ti voltou e voltará sempre, como sempre. Para sempre.

domingo, junho 29, 2008


Faz parte do meu imaginário, aquele sentimento que se tem do ter que ser. Cores eléctricas carregadas de som hipnotizante com sabor a deserto, casar numa capela o mais kitch possível vestindo uma fatiota de Elvis em fase "The King", piscinas de Margarittas cheias de fichas de jogo e roletas a girar, a girar...
Las Vegas é o delírio do desejo desconhecido. Cada novo filme traz a mesma vontade de me perder naquele mundo de faz-de-conta (que temos muito dólares).
Nunca fui, mas é pancada forte!
A idade começa a operar em mim um certo sentido reinvindicativo do que considero certo e justo.
É o gosto pela harmonia universal das coisas - nunca fui compreensivo nem tolerante com as posições erradamente absurdas, muito menos no que toca ao favorecimento de uns, atropelando todos os outros.
No caso concreto, ataco a politiquice instalada nos transportes das ilhas.
O tema é complexo. Por um lado, temos gente, pessoas, cidadãos dispersos pelo arquipélago (falo dos Açores) com necessidades de movimentação inter-ilhas e entre as ilhas e o continente. Por outro lado, temos as empresas transportadoras que não geram lucros com este negócio mas que são obrigadas a cumprir serviços mínimos.
Em relação aos vôos e fazendo as contas, percebe-se que o elevado preço dos bilhetes tem de se manter. A TAP e a SATA, por obrigação para com o Estado (o tal cumprimento dos serviços mínimos), acumulam mais prejuízo do que lucro nas rotas das ilhas. De forma a proteger essas companhias obrigadas a esses contratos, fecha-se a porta à liberalização do transporte aéreo - qualquer companhia low cost teria interesse em voar para duas ou três ilhas (as que dão lucro), ignorando as outras seis. Seria uma concorrência desleal com as empresas estatais, obrigadas a voar para todas as ilhas. É um mal necessário e pagamos todos por isso: os cidadãos de forma directa no preço dos bilhetes, e todos nós através dos subsídios que o Estado dá às empresas.
Mas em relação ao transporte marítimo inter-ilhas, o caso é outro e choca-me!
As principais empresas a navegar entre as ilhas são a ATLANTICOLINE e a TRANSMAÇOR , transportando passageiros, automóveis e mercadorias. Ambas as empresas têm capitais privados e governamentais. Entre as ilhas do Triângulo (Faial, Pico e S. Jorge), as ligações são aceitáveis durante todo o ano. O pior é mesmo a ligação entre as restantes ilhas, em especial entre S. Miguel e Sta. Maria - ilhas bastante próximas e sem ligação marítima com o mínimo de qualidade exigida. Os navios que fazem a viagem entre estas duas ilhas são despropositadamente grandes, lentos e sem alternativa de actividades a bordo que não sejam estar sentado num sofá durante as quatro horas de travessia. Depois ainda há os horários completamente desarticulados com as restantes ligações e uma fraca oferta de viagens ao longo do ano. Resultado: quando navegam, apenas no Verão, os navios andam praticamente vazios. As pessoas pagam o dobro por uma viagem de avião entre estas duas ilhas, não por preferirem assim mas porque não resta outra alternativa viável. E se alguém quiser ir de Santa Maria ao Faial, por exemplo, esqueça o barco. Porque um percurso que é navegável em apenas um dia, leva três! Assim é impossível fazer conta com a navegação inter-ilhas, a menos que se ande em passeio e tenha muito tempo para gastar.
Ora há cerca de um ano, apareceu um investidor privado, João Amaral, natural das ilhas e emigrado no Canadá, a querer explorar as rotas marítimas entre todas as ilhas. É dono da CANADAMAR, uma empresa de transportes e logística bastante bem sucedida no Canadá. O que ele propôs ao governo regional, foi a candidatura a fundos comunitários para o arranque do projecto, de forma a operar com três embarcações mais pequenas e mais rápidas que fizessem o transporte entre todas as ilhas ao longo de todo o ano. Este empresário não pede dinheiro ao governo, pede apenas que o governo analise e viabilize a sua candidatura a fundos da União Europeia, destinados a estes fins.
O governo regional, estranhamente, não deu ainda uma resposta. Passou-se praticamente um ano, o arquipélago continua sem melhorias ao nível dos transportes marítimos e a população desespera por melhores dias enquanto paga balúrdios para se deslocar de avião entre as ilhas.
João Amaral, insatisfeito com esta política claramente monopolista e absurda, vai avançar para tribunais europeus a fim de dar seguimento ao negócio. Eu e todos os açorianos estamos expectantes, ansiando por mais e melhores condições de transporte.
Isto da insularidade sente-se na pele...