Vale a pena ler o texto e pensar criticamente no assunto. Vale a pena porque a Baixa merece, tal como todos os visitantes de qualquer cidade, que haja vida e um certo espírito cosmopolita vibrante nos locais mais emblemáticos da urbe.
Cresci a adorar Lisboa. Vivendo fora da cidade, ir a Lisboa era sempre uma alegria! Passear, fazer compras, visitar museus, subir ao castelo, observar as ruas cheias de gente num corre-corre típico de capital... Com o passar dos anos, passei a assimilar a cidade com mais naturalidade, na óptica do estudante e trabalhador. Mas nunca deixei de sentir aquela magia que Lisboa sempre me transmitiu. E se há lugar que ainda me faz voltar aos tempos de criança pela mão dos pais em passeio de Domingo, é a Baixa e seus arredores (Chiado, Avenida...).
Ora a Baixa, nos tempos que correm, está-se a tornar uma verdadeira tristeza, uma lástima. Um espaço sujo e obsoleto sem vida nem atractivos. Um moribundo!
A Rua Augusta a desembocar na Praça do Comércio, é dos locais com mais potencial para turismo e comércio que conheço. Não se percebe, pois, como não se faz nada para renovar a qualidade urbanística dessa zona. As lojas fecham e pára tudo. As ruas ficam desertas e a Baixa torna-se uma cidade fantasma assim que se põe o sol.
Os prédios decrépitos, símbolos do modernismo pombalino, ostentam auras de casebres assombrados e não faltará muito para que alguns deles comecem a ruír.
Chega o Verão e as ruas enchem-se de turistas. Aos fins-de-semana, tal como nas noites de semana, quere-se uma loja, um restaurante, e nada está aberto. Está tudo encerrado e sem chama, sem vida. Sem alma.
A Baixa precisa de alma. Não precisa de certeza daquela gentalha chata que anda de bloco de notas na mão a incomodar com falsos inquéritos, nem precisa de ciganitos a tocar acordeão, acompanhados por cãezinhos de cestinho preso nos dentes (não sei como a polícia consente isso).
A Baixa alfacinha, tal como outros espaços da cidade, de todas as cidades, tem de ter luz e som e pessoas e sítios onde sentar e comer, e sítios onde comprar e descansar e espairecer. Afinal, uma cidade é supostamente um organismo vivo e intenso, que fervilha de eventos e experiências diversas, de e para a imensa mole humana que a habita.
Espero que venha um plano urgente de reabilitação da Baixa, porque é isso mesmo: URGENTE.