AlmArdente

De tudo se fala do que possa habitar uma qualquer alma humana. Os amores e desamores, as artes e os vícios, os prazeres e as dores. Intensas banalidades, para miúdos e graúdos.

terça-feira, agosto 28, 2007

O lugar das coisas

Todas as coisas têm sítio próprio.
Os pratos no armário, a roupa em gavetas, fotografias em albúns.
Sobra comida: coloca-se em pequenas caixas de plástico, dentro do frigorífico.
Uma vassoura, um esfregão: num canto onde não estorvem, mas onde estejam à mão.
Até o lixo tem sítio próprio; os plásticos, o papel, o vidro...
Todas as coisas têm o seu lugar. Um lugar onde fazem sentido, sem que se notem deslocadas.
Também as pessoas, as ideias e os sentimentos.
Os sentimentos, mais ou menos escondidos, têm lugar no coração. E as ideias arrumam-se na nossa cabecinha, em pastas e sub-pastas, organizadas ao estilo de cada um. Quanto às pessoas, o género Humano é versátil e facilmente integrável em quase toda a parte. No entanto, cada um de nós sente, no seu íntimo, o lugar onde pertence.
Gosto de tudo compartimentado, arrumado. Etiquetado e catalogado como num inventário de museu. Não gosto de confusões nem de coisas pouco claras e fora do sítio. Por isso me causa espécie ver os atropelos diários à minha volta, em que coisas, pessoas, sentimentos, esbarram uns nos outros sem qualquer tipo de sentido lógico. Palavras ditas fora de tempo, atitudes incorrectas, alguém que está onde não devia. Há falta de arrumo interior, noto-o. Falta de interiorizar que cada coisa tem o seu devido lugar no tempo e no espaço, e que fora desse tempo e desse espaço, deixa de fazer sentido. Pode até tornar-se proibitivo!
As crises de meia-idade potenciam isso: Ideias desarrumadas, sentimentos que não encaixam e algumas frustrações abafadas, explodem e convergem numa qualquer tontaria inconsciente. E depois... alguém apanhe os cacos.
É por isso que gosto da casa arrumada. Tudo no seu lugar: as panelas, os papéis, o calçado e a roupa suja; saber onde pertenço e onde arrumei os sentimentos. Porque esses, quando estão espalhados, é onde mais se escorrega...
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sexta-feira, agosto 24, 2007

Mês de Agosto















































































































quinta-feira, agosto 23, 2007

Em 1895, Joshua Slocum partiu de Boston num pequeno veleiro construído por si, para uma viagem solitária à volta do mundo. Foi o primeiro e a sua epopeia é um clássico das histórias de marinheiros.
Em 1989, Manuel Martins tornou-se o primeiro português a igualar a façanha de Slocum. Foram precisos quase cem anos para ver um português nestas andanças - tremenda ironia para uma pátria de descobridores.
Agora, dia 25 de Agosto de 2007, Genuíno Madruga, português da ilha do Pico, zarpará para a sua segunda circum-navegação como navegador solitário.
Genuíno Madruga é já parte da história marítima do nosso povo, ao ser o segundo português a navegar como solitário numa viagem à vela à volta do mundo. A sua primeira viagem foi realizada entre Outubro de 2000 e Maio de 2002 e teve enorme impacto na comunicação social. À chegada ao porto da Horta, eram milhares as pessoas que saudavam o regresso de Genuíno a bordo do seu Hemingway. Houve festa, houve homenagem; houve entrevistas e encontros e muita emoção.
Cinco anos depois e sempre com o bichinho da partida, o Hemingway soltará amarras das Lages do Pico rumo ao Sul, para mais dois anos no mar. Lá estaremos em 2009 à sua espera, para o saudar como grande navegador e aventureiro que é.
A quem quiser seguir a aventura, pode fazê-lo aqui

quinta-feira, agosto 09, 2007

REMOFILICOS



Início dos anos 90.
Um grupo de adolescentes formou um grupo, uma irmandade para toda a vida, daquelas que o tempo e o espaço não poderão nunca separar.
Remadores do Clube Naval da Horta, chamávamo-nos a nós mesmos "Remofílicos". O nome pegou por brincadeira, mas os laços eram genuínos e profundos.
Demos tudo o que tínhamos para dar: sangue, suor e lágrimas. Como nos filmes da tropa, mas no mundo real.
Partilhámos alegrias e tristezas e tornámo-nos uma família inseparável: A Sarita, a Ana Marisa, a Isolda, o Marco Dutra, o Marco Pires, o Rui, o Pedro, o Ricardo e o Miguel.
Hoje, quase vinte anos depois e cada um vivendo a sua vida em partes bem distintas do globo, juntamo-nos anualmente lá onde está o umbigo da nossa amizade, na cidade da Horta, por altura da Semana do Mar. E velejamos, rimos, remamos, passamos o tempo a celebrar o que temos de nosso, para matar saudades daqueles tempos idos em que o nosso mundo terminava ali, sem telemóvel nem internet.
Faltam apenas uns dias para o encontro e a emoção começa a tomar conta de mim e dos outros.
Estou quase lá. Estamos quase juntos de novo.