AlmArdente

De tudo se fala do que possa habitar uma qualquer alma humana. Os amores e desamores, as artes e os vícios, os prazeres e as dores. Intensas banalidades, para miúdos e graúdos.

sábado, junho 30, 2007

Escreve a Clara Ferreira Alves no Expresso de 30 de Junho, que a Baixa de Lisboa se está a tornar num cadáver. Isto a propósito do abandono que vem sofrendo, enquanto espaço de usufruto urbano.
Vale a pena ler o texto e pensar criticamente no assunto. Vale a pena porque a Baixa merece, tal como todos os visitantes de qualquer cidade, que haja vida e um certo espírito cosmopolita vibrante nos locais mais emblemáticos da urbe.
Cresci a adorar Lisboa. Vivendo fora da cidade, ir a Lisboa era sempre uma alegria! Passear, fazer compras, visitar museus, subir ao castelo, observar as ruas cheias de gente num corre-corre típico de capital... Com o passar dos anos, passei a assimilar a cidade com mais naturalidade, na óptica do estudante e trabalhador. Mas nunca deixei de sentir aquela magia que Lisboa sempre me transmitiu. E se há lugar que ainda me faz voltar aos tempos de criança pela mão dos pais em passeio de Domingo, é a Baixa e seus arredores (Chiado, Avenida...).
Ora a Baixa, nos tempos que correm, está-se a tornar uma verdadeira tristeza, uma lástima. Um espaço sujo e obsoleto sem vida nem atractivos. Um moribundo!
A Rua Augusta a desembocar na Praça do Comércio, é dos locais com mais potencial para turismo e comércio que conheço. Não se percebe, pois, como não se faz nada para renovar a qualidade urbanística dessa zona. As lojas fecham e pára tudo. As ruas ficam desertas e a Baixa torna-se uma cidade fantasma assim que se põe o sol.
Os prédios decrépitos, símbolos do modernismo pombalino, ostentam auras de casebres assombrados e não faltará muito para que alguns deles comecem a ruír.
Chega o Verão e as ruas enchem-se de turistas. Aos fins-de-semana, tal como nas noites de semana, quere-se uma loja, um restaurante, e nada está aberto. Está tudo encerrado e sem chama, sem vida. Sem alma.
A Baixa precisa de alma. Não precisa de certeza daquela gentalha chata que anda de bloco de notas na mão a incomodar com falsos inquéritos, nem precisa de ciganitos a tocar acordeão, acompanhados por cãezinhos de cestinho preso nos dentes (não sei como a polícia consente isso).
A Baixa alfacinha, tal como outros espaços da cidade, de todas as cidades, tem de ter luz e som e pessoas e sítios onde sentar e comer, e sítios onde comprar e descansar e espairecer. Afinal, uma cidade é supostamente um organismo vivo e intenso, que fervilha de eventos e experiências diversas, de e para a imensa mole humana que a habita.
Espero que venha um plano urgente de reabilitação da Baixa, porque é isso mesmo: URGENTE.

sexta-feira, junho 22, 2007

Che Potenza



Bimota db6 Delirio

Motor Ducati com 992 cc e 92 cv às 8500 rpm.

Mais
um objecto de culto.


www.bimota.it

segunda-feira, junho 18, 2007

Dói-me a alma sempre que vejo casas decrépitas, em ruínas, num estado de abandono desleixado. Não há cidade, vila ou aldeia deste país, que não tenha o seu quinhão de abandono. Mas se em alguns casos mais vale deixar ruír, na maioria das vezes é uma pena que não se recuperem certos edifícios. Lisboa é um caso urgente. Tem prédios inteiros a envelhecer, alguns em risco de ruína, sem que alguém lhes deite a mão. Uns sem particular interesse arquitectónico, mas outros que são verdadeiras pérolas.
E se a recuperação destas casas velhas é para mim uma paixão antiga, esta actividade assume cada vez mais uma importância crucial no urbanismo moderno. Não se pode continuar a semear betão por tudo o que é arredor. O mercado da construção civil está numa fase crítica: as obras públicas estão estagnadas e há excesso de oferta na habitação. E as empresas construtoras continuam a fazer o mesmo de sempre: construír, construír, construír! Prédios! (e algumas vivendas)
Não é esse o caminho acertado, e já estamos atrasados em matéria de planeamento urbano.
No resto da Europa vão-se recuperando os centros das cidades; por cá vamos deixando apodrecer.
Mas como se costuma dizer: "Em terra de cego...". E foi isso que uma empresa espanhola fez. Comprou umas dezenas de prédios devolutos bem no centro de Lisboa, para poder transformar em habitação de luxo. Enquanto isso, as nossas empresas continuam a apostar no crescimento dos arrabaldes... Patético!
Vejam-se os seguintes sites para se ter uma ideia do que se passa em Lisboa.
Casas abandonadas aqui
Casas renovadas aqui

sábado, junho 16, 2007


Lembram-se dos Fraggles?
Foi das minhas séries infantis preferidas.
No outro dia deu-me (uma vez mais) a nostalgia, e procurei os episódios na internet. E é claro que achei. A internet começa a ser uma enorme esponja onde cabe tudo o que alguma vez possa ter existido.
Para quem tem saudades destes pequenos coloridos (e dos pequeninos trabalhadores que passavam a vida a escavar), aqui fica um link para fãs.
Fraggle Rocker

domingo, junho 10, 2007








Sinto uma atracção fatal por tudo o que é objecto Kitsch. Esse universo de santinhos de barro e vasos com flores de plástico, forrado a papel de parede de gosto duvidoso onde imperam os sofás cobertos por naperons das melhores rendas... E o quadro famosíssimo do Menino da Lágrima, o dálmata de loiça, as miniaturas de cobre, cristal e porcelana... O Galo do Tempo a mudar de cor e a santinha que brilha no escuro. Todos estes objectos, em alguma altura das nossas vidas, já nos foram apresentados. Toda esta pimbalhice pirosa faz parte do universo Kitsch português, tal como o Elvis é presença em todos os lares do Alabama ao Tennessee. Com o passar dos anos, parece-me que até nós, portugueses, estamos a afastar-nos do nosso passado folclórico. Mas reparo que há uma onda nostálgica e revivalista que não deixa morrer certos ícones da nossa cultura, e isso também me agrada. Afinal, é sempre saudável brincar com o ridículo. Objectos destes são sucesso garantido! A alegria de qualquer lar




segunda-feira, junho 04, 2007


Tenho a AlmArdente por um dedal de aguardente...
Aqui está uma actividade que me tem despertado comichões nos últimos tempos: o alambique!
De há uns anos para cá, tornei-me apreciador de aguardentes e bagaços caseiros. "Pomadas" de travo mais ou menos agreste, umas macias e adocicadas, outras mais ásperas na garganta.
As mais comuns são as aguardentes feitas com bagaço de uva, mas é igualmente conhecida a aguardente de medronho. Mais recentemente, tive contacto com aquela que me despertou a vontade de dominar o alambique: aguardente de nêspera.
Praticamente tudo o que tem açúcar é um potencial produto para fermentação. Por conseguinte, todos os frutos são possíveis de transformar em alcoól e destilar. Mas a aguardente de nêspera foi a que mais me cativou.
Bebida em doses minúsculas, quase dedais, depois daqueles ricos almoços na Fajã das Almas (São Jorge), na companhia de quem a produziu, é das melhores recordações que trago do Verão passado. A repetir este ano.
Quanto ao alambique, transporta-me a um mundo envolto numa aura de romantismo que só se vai encontrando em alguns lugares remotos nessas aldeias do interior do país. Mas hei-de aprender a trabalhar a destilação. Desde que a GNR não me interrompa...

domingo, junho 03, 2007


A internet é um mundo!

Desta vez presto homenagem a esta grande teia que nos une a todos.

Para o bem e para o mal, na fortuna e na desgraça, todo o planeta é agora uma grande aldeia.

Em séculos passados, a descoberta que a Terra era redonda foi sem dúvida o grande boom! Permitiu uma demanda nunca antes vista em busca de novas terras, novos mundos. Era a conquista do planeta explorando o espaço desconhecido.

Hoje já não é tanto o espaço que interessa, mas sim o tempo. A busca é agora pela informação em tempo real. A omni-sapiência.

À internet tenho a agradecer muitas coisas boas na minha vida recente. E a maioria prende-se com o encontro de pessoas, pessoas que de certa forma imaginava perdidas de mim, e que agora encontrei. E como isso alterou o curso das coisas!

Sebinha, Dutra, Corvelo, Sarita, Inara, Ritinha, Caeiro, maninho, ... tanta gente! Uns e outros em diferentes alturas e com diferente grau de proximidade ou importância agora, mas se não fosse a internet, como vos encontraria?

O mundo está cada vez mais pequeno, mas apenas em termos de informação. Ainda sou dos que preferem o ar livre e a imensidão do espaço por descobrir. O vaguear, as viagens, a surpresa pelo desconhecido - o mundo pelos meus olhos sem ser através do monitor. Mas hoje presto homenagem à internet, por todas as coisas boas que traz até mim.

A net é um mundo!